Um bom começo

Se tivesse um conjunto de telescópios de vanguarda novinho em folha, o que é que observaria primeiro? Os investigadores do Observatório do Sul SPECULOOS — composto por quatro pequenos telescópios, cada um com um espelho primário de 1 metro de diâmetro — escolheram a Nebulosa da Lagoa. Esta bela imagem é uma das primeiras observações do SPECULOOS. A nebulosa é uma nuvem de gás e poeira situada na nossa Galáxia, a cerca de 5000 anos-luz de distância da Terra, onde se estão a formar novas estrelas.

Esta imagem é ainda mais extraordinária quando pensamos que o SPECULOOS não foi concebido para estudar nebulosas. O nome diz tudo — SPECULOOS, Search for habitable Planets EClipsing ULtra-cOOl Stars (Procura de Planetas Habitáveis que Eclipsam Estrelas Ultra-Frias), ou seja, por outras palavras o objetivo principal deste conjunto de telescópios é descobrir planetas do tipo da Terra em órbita de estrelas ténues próximas. Os candidatos que descobrir serão depois observados com mais detalhe por telescópios maiores, como o futuro Extremely Large Telescope do ESO (ELT).

O SPECULOOS está instalado no Observatório do Paranal do ESO, no deserto chileno do Atacama, tirando total partido do céu escuro e das condições atmosféricas ideais deste local, assim como dos sistemas de apoio que o ESO tem, desde infraestruturas para telescópios até alojamento para o pessoal que aí trabalha. O SPECULOOS terá um parceiro, o Observatório do Norte, que será instalado nas Ilhas Canárias e procurará planetas no céu setentrional, invisível a partir do Chile. Em conjunto, estes dois observatórios prometem expandir grandemente o nosso conhecimento de exoplanetas existentes na vizinhança do Sol.