Nota de Imprensa

Terminado rastreio ATLASGAL da Via Láctea

24 de Fevereiro de 2016

Foi divulgada uma nova imagem da Via Láctea para marcar o término do rastreio ATLASGAL — APEX Telescope Large Area Survey of the Galaxy. O telescópio APEX, instalado no Chile, mapeou pela primeira vez no submilímetro — entre a radiação infravermelha e as ondas rádio — a área total do plano galáctico visível a partir do hemisfério sul, com mais detalhe do que o obtido em rastreios recentes feitos a partir do espaço. O telescópio APEX de 12 metros permite aos astrónomos estudar o Universo frio: gás e poeira com temperaturas de apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto.

O APEX, o telescópio Atacama Pathfinder EXperiment, situa-se a 5100 metros de altitude no planalto do Chajnantor, na região chilena do Atacama. O rastreio ATLASGAL tirou partido das caraterísticas únicas neste telescópio para fornecer imagens detalhadas da distribuição de gás denso frio situado no plano da Via Láctea [1]. As novas imagens incluem a maior parte das regiões de formação estelar existentes na Via Láctea austral [2].

Os novos mapas ATLASGAL cobrem uma área do céu de 140 graus de comprimentos por 3 de largura, quatro vezes maior que os primeiros mapas divulgados deste rastreio [3]. Os novos mapas têm também uma qualidade superior, já que algumas áreas foram novamente observadas para se obter uma qualidade de dados mais uniforme em toda a área mapeada.

O rastreio ATLASGAL é o maior projeto do APEX com mais sucesso, com cerca de 70 artigos científicos associados já publicados. O seu legado expandir-se-á ainda mais agora que todos os dados foram reduzidos e postos à disposição de toda a comunidade astronómica [4].

No coração do APEX encontram-se os seus instrumentos muito sensíveis. Um deles, a câmara LABOCA (LArge BOlometer Camera), foi usado no rastreio ATLASGAL. A LABOCA mede a radiação capturada registando os minúsculos aumentos de temperatura que esta causa nos seus detectores, podendo assim detectar emissão das bandas escuras de poeira fria que obscurecem a radiação estelar.

Esta nova divulgação dos dados ATLASGAL vem complementar observações obtidas com o satélite Planck da ESA [5]. A combinação dos dados Planck e APEX permitiu aos astrónomos detectar radiação emitida ao longo de uma maior área do céu e estimar assim a fração de gás denso existente na Galáxia interna. Os dados ATLASGAL foram também utilizados para criar um censo completo de nuvens frias de grande massa, onde novas gerações de estrelas se estão a formar.

“O ATLASGAL dá-nos importantes pistas sobre onde a próxima geração de estrelas de grande massa e enxames se forma. Ao combinar estas observações com os dados Planck, podemos agora obter uma ligação às estruturas de larga escala de nuvens moleculares gigantes,” diz Timea Csengeri do Instituto Max Planck de Rádio Astronomia (MPIfR), Bona, Alemanha, que liderou o trabalho de combinação dos dados APEX e Planck.

O telescópio APEX celebrou recentemente dez anos de investigação bem sucedida do Universo frio. Este telescópio desempenha um papel importante não só como desbravador de terreno mas também como infraestrutura complementar do ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, que também se encontra situada no planalto do Chajnantor. O APEX baseia-se numa antena protótipo construída para o projeto ALMA e tem encontrado muitos objetos que o ALMA pode depois estudar com mais detalhe.

Leonardo Testi do ESO, membro da equipa ATLASGAL e Cientista de Projeto europeu do ALMA, conclui: “O ATLASGAL permitiu-nos obter um novo olhar sobre o meio interestelar denso da nossa própria galáxia, a Via Láctea. A divulgação do rastreio completo abre a possibilidade de trabalhar sobre esta incrível base de dados, esperando-se novas descobertas. Muitas equipas de cientistas estão já a utilizar os dados ATLASGAL para planear seguimentos detalhados feitos pelo ALMA.”

Notas

[1] O mapa foi construído a partir de observações individuais do APEX, de radiação com um comprimento de onda de 870 µm (0,87 milímetros).

[2] A parte norte da Via Láctea já tinha sido mapeada pelo Telescópio James Clerk Maxwell (JCMT) e outros telescópios, no entanto o céu austral é particularmente importante uma vez que inclui o Centro Galáctico e está também acessível a observações de seguimento detalhadas feitas pelo ALMA. 

[3] A primeira divulgação de dados cobria uma área de aproximadamente 95 graus quadrados, era uma tira muito longa e fina de 2 graus por 40 centrada no plano galáctico. Os mapas finais cobrem agora uma área de 420 graus quadrados, o que corresponde a mais de quatro vezes o valor inicial.

[4] Os dados estão disponíveis no arquivo ESO.

[5] Os dados Planck cobrem todo o céu, mas a sua resolução espacial é baixa. Os dados ATLASGAL cobrem apenas o plano galáctico mas têm maior resolução angular. Combinar ambas as observações resulta num excelente alcance dinâmico espacial.

Informações adicionais

O ATLASGAL é uma colaboração entre o Instituto Max Planck de Rádio Astronomia (MPIfR), o Instituto Max Planck de Astronomia (MPIA), o ESO e a Universidade do Chile.

O APEX é uma colaboração entre o Instituto Max Planck de Rádio Astronomia (MPIfR), o Observatório Espacial Onsala (OSO) e o ESO. A operação do APEX no Chajnantor está a cargo do ESO.

O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma infraestrutura astronómica internacional, é uma parceria entre o ESO,  a Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado pelo ESO em prol dos seus Estados Membros, pela NSF em cooperação com o Conselho de Investigação Nacional do Canadá (NRC) e do Conselho Nacional Científico da Ilha Formosa (NSC) e pelo NINS em cooperação com a Academia Sinica (AS) da Ilha Formosa e o Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia (KASI).

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

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Carlos De Breuck
ESO APEX Programme Scientist
Garching bei München, Germany
Tel.: +49 89 3200 6613
Email: cdebreuc@eso.org

Frederic Schuller
ATLASGAL Principal Investigator - Max Planck Institute for Radio Astronomy
Bonn, Germany
Email: fschulle@apex-telescope.org

Friedrich Wyrowski
APEX Project Scientist – Max Planck Institute for Radio Astronomy
Bonn, Germany
Tel.: +49 228 525 383
Email: fwyrowski@mpifr-bonn.mpg.de

Norbert Junkes
Press and Public Outreach – Max Planck Institute for Radio Astronomy
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Tel.: +49 228 525 399
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Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel.: +49 89 3200 6655
Telm.: +49 151 1537 3591
Email: rhook@eso.org

Margarida Serote (press contact Portugal)
ESO Science Outreach Network and Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel.: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org

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Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso1606, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contacto local com os meios de comunicação social, em ligação com os desenvolvimentos do ESO. A representante do nodo português é Margarida Serote.

Sobre a Nota de Imprensa

Nº da Notícia:eso1606pt
Nome:Milky Way
Tipo:Milky Way
Facility:Atacama Pathfinder Experiment
Instrumentos:LABOCA

Imagens

O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL
O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL
O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL
O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL
O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL (anotado)
O plano austral da Via Láctea obtido no rastreio ATLASGAL (anotado)
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda (anotada)
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda (anotada)

Vídeos

Panorâmica da imagem ATLASGAL do plano da Via Láctea
Panorâmica da imagem ATLASGAL do plano da Via Láctea
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda
Comparação da zona central da Via Láctea a diferentes comprimentos de onda

Comparação de imagens

Comparison of the central part of the Milky Way at different wavelengths
Comparison of the central part of the Milky Way at different wavelengths
apenas em inglês
Comparison of the central part of the Milky Way at different wavelengths
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apenas em inglês
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